inquisição:
por sermos duas metáforas novas, frescas, gostosas,
desoprimidas e sem qualquer pseudo complexo de fidelidade é que estamos aqui em
brazilírica pereira, por sugestão da uilcona biúka diante desta outra
inquisição. não, ainda não fomos apresentadas a lady federika bezerra mas, a
conhecemos pela sua fama internacional de porta-bandeira. macabea não pode se
sentir frustrada pela nossa decisão de estarmos aqui neste confessionário.
primeiro, porque não temos, nem nunca tivemos nenhum compromisso com ela.
segundo, é que alinhamos em outra frente liberal, e desfrutamos de todo direito
de ir e vir, ter e dar prazer, gozar da forma que melhor nos convir. sexo? é
uma opção de gosto mesmo. até no palco, porque não? irônicas? sim nosso mestre
serAfim nos ensinou que do sarcasmo nasce a grande arte, mas o importante é que
nós como metáforas não precisamos estar somente em entre/linhas , estamos
também nas entre/tuas, entre/minhas, e não se trata de traição, procuramos
fazer algo diferente, por exemplo, do que já vimos em filmes de Godard,
construídos em larga medida só com citações e referências. Apoiamo-nos nas
coplagens como elementos básicos para ultrapassá-los e transcendê-los agimos
como uma espécie de conspiradoras conscientes dos bens culturais e materiais
que nos pertencem como patrimônios da humanidade.
Uma outra
Não deveria, portanto, macabea vociferar aqui sua ira,
acusando-nos veladamente de traidoras, sem assumir de fato em atitude pública a
destilação desse veneno como palavra que não entra em cena.
As belas letras, para nós, começaram através das letras
belas, narcisas pelo próprio nomes: metáforas. E por fidelidade a federika não
traímos macabea, apenas não fazemos parte de uma mesma concepção de que a
palavra parte, e as letras que pretendemos belas não são simplesmente nossas,
muito menos dela. Podemos constatar com gratidão que emergem das lendas,
fábulas, crônicas e contos, poemas concretos de uma visão de mundo abstrato bem
nítido e pessoal talvez, quiçá, quem sabe única reflexão de ruidurbanos, restos
de gravuras, resíduos tipográficos. Ou seja: uma série de gestos amorosos,
eróticos de novo, repletos de ironias sensuais, doce fervor, fogo de malícias
explosão de gozo, por sinal, diga-se de passagem, que essas dimensões éticas,
jurídico-morais, nunca nos interessaram. Nossas relações com a propriedade
privada, em todas as suas formas e cristalizações históricas, sempre foram
tranqüilas e sem remorsos.
A
Nomes ou numes?
- a massa um dia ainda comerá os biscoitos finos que fabrico
– cantarolava Du boi pelo grande sertão serafim, pesava o trigo, lavava a
roupa, amassava o pão, Jesus um velho coronel de João Gullar não querendo saber
das massas mandou empastelar a padaria e incendiar o matadouro do caldo de
cana, Du boi pensou então em ir embora de brazílica: sertãozinho, santo André,
ribeirão, rio preto, batatais e por fim nova granada de ouro preto e Espanha.
Vestiu seu uniforme de gala e foi prestar depoimento na CPI
das metáforas:
- como produtor das artes cínicas e mentor intelectual da
das sagaranagens federiko de Albuquerque Baudelaire vulgo Du boi, mestre-sala
do grêmio recreativo e escola de samba mocidade independente de padre olivácio,
tem somente a dizer que virgem aqui só eu, as demais podem dar o capricórnio,
peixe, aquário, Vênus, quem sabe até a balança mas não cai. Como mestre-sala os
prazeres ocultos invisíveis no inconsciente coletivo entrego a vocês o destino
das metáforas e volto à ilha das sereias. Biscoitos finos, massas, padaria nem
pão que o diabo amassou, às mulheres deixo somente a fome e meus olhos
genitais.
dummundana itabirina
Fedra margarida a resolvida desfilava pela última
vez portando falo. Decidira decepar o pênis e
desnudar de vez a sua outra mulher.
Brazílica amanheceu incrédula:
Manchetes, vozerios, falatórios, assembléias.
Faixas, cartazes. Por todas as vias, multivias,
Multimeios os ofendidos habitanes brazilíricos
Inconformados com a Fedra passearam em
Plebiscito voziferando Não Ao Sim.
E margarida flor impávida lá se foi beira-mar
Olhando estrelas no cruzeiro. Mas césar que
não é castro continuou a pigmentar seu mastro
no outro lado da tela. E um dia Fedra sorrindo,
com o pênis/baton da louca, foi ao boca de
luar da Fedra e voltou com o luar na boca
Dora und (poema de 7 faces) in alguma poesia
quando nasci
um anjo alado
daqueles – viciado
em parati
meu deu um tapa na bunda
para que eu logo transformasse
todo horror guardado em pranto
- foi ele cortar o umbigo
do sangue beber e berrasse
drummundo pra todo canto
ilusão de ótica
esse Não ç dilha
quando o poço
é mãos pra fossa
todo nervo
é mais que osso
todo mar é uma ilha
todo samba é mais pra bossa
doze e quarenta
e seis
Mallarmé
na hora incerta
dormindo
visível na besta
sinal inviável
na quarta
dedo de deus
na segunda
jogando dado
na sexta
leminskiAndo
só olho Ana à vera
faça outono ou primavera
quantas eras
quantas anãs
em carNA Val
meu olho disse:
Ana à vera
Vera Ana
Ana clara
Claralisse
Vejo Ana
lendo Eunice
quando li
eu vi Luana
e
Ana ali
só vi
li Ana
Ana/verso
anAlice
marcabru
dalíricamente a metáfora está aí, felacão de bruxa
caldeirão de carne e osso sangue suor cer
veja agora
seja
como um jogo do acaso tradição de vida e corte
severina zeferina
atrevida marte morte
macabea travestida no grande círculo místico das
letras:
mulher-macho, homem fêmea, atirador de facas,
engulidora de fogo, bailarino, domadora, trapezista
na escala do 3x4 mascarada ou de retrato seu
corpo vale ninguém
metáforas em juli A
colocar-
me
entre
tuas entre linhas
alinhar-
me
poema
líquido
em teu esperma de pedras
espumas brancas do mAr
fedras não és
nem seria
o meu navio que velas
quando brincamos de fadas
em teu oceano de areia
quando em meu sonho ponteio
um s em teus olhos ponteia
como um dourado nas águas
quem sabe águias no
AR
artu rgomes
in Brazilírica Pereira: A Traição das Metáforas
Artur Gomes no 27 PSIU Poético
Montes Claros-MG – outubro 2013
Agora não se fala mais
Agora não se fala nada
Toda palavra guarda uma cilada
Torquato Neto
Oficina de Poesia Falada e Produção de Vídeo
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