"J'aime le drame, mais pas la
tragédie"
Juarez Machado, França, 1992
Este pavilhão de exposições, criado por Juarez Machado no
contexto deste espaço que leva o seu nome, tem o intuito de mostrar ao público
as obras nos diferentes estilos, períodos e fases do internacional artista. São
apresentadas mostras de longa ou curta duração, concebidas pelo próprio pintor
e/ou por meio do nosso conselho curatorial.
Por ocasião das celebrações dos 80 anos de
vida do Juarez Machado - nascido em Joinville, SC em 16 de março de 1941 - a
diretoria do Instituto resolve homenageá-lo com nova proposta expositiva e
pedagógica. Convidamos a mediadora desta instituição cultural, Andri Silveira,
para elaborar experimentalmente o projeto da curadoria e expografia desta
mostra comemorativa temporária. Aprofundou suas pesquisas iconográficas,
garimpou o acervo museológico da reserva técnica, e trouxe à pauta - com a
colaboração de sua colega de mediação Nicole Leite - as experiências didáticas aplicadas
no Setor Educativo do qual ambas
integram nesta casa, em busca dos resultados.
A compreensão do conjunto das telas e
desenhos expostos aqui passa pelo título que a dupla sugeriu:
J'aime le drame, mais pas la tragédie.
Essa frase foi enunciada por Juarez Machado às margens do Mar
Mediterrâneo, aos habitantes de uma pequena comuna francesa na Região de
Provence-Alpes-Côte d'Azur, a pitoresca localidade de Carcès no ano de 1992.
Em livre tradução - " gosto do drama,
mas não da tragédia" - seu pensamento passa a ser a bússola e o conceito
desta exposição. Segundo a curadoria, trata-se de um singelo recorte da
produção das décadas de 1980/90, trazendo as imagens de vivências do artista
pelo Brasil, França e Estados Unidos.
É nesse período que se consolida uma das
mais expressivas facetas do criador Juarez Machado, o discurso da dramaturgia
em sua obra pictórica. Essa característica se faz presente em diversos momentos
de sua trajetória, cujo percurso, embora não linear, está expresso nas obras
aqui expostas: a série das paisagens produzidas em Saint Paul de Vence, ao Sul
da França, onde o artista morou com sua família, e as impressionantes pinturas
sobre o controvertido universo circense, por exemplo.
O projeto curatorial ainda revela desenhos
que nunca foram expostos por aqui, resgatados do início de sua carreira
profissional e estudos na Escola de Belas Artes do Paraná ,na gelada Curitiba e
produzidos com materiais de baixo custo como graxa de sapatos sobre papel. Contempla
também a tela intitulada "Novembrada ou Batalha do Calçadão" ,
inspirada no texto do escritor ilhéu Raul Caldas Filho, que registra um dos
mais conturbados movimentos políticos de nosso país, sobretudo com reflexos, à
época, para a população da Ilha de Santa Catarina.
Há que se destacar outra série - a do universo feminino - que
traduz toda sua admiração à mulher universal e a vocação à dramaturgia. Certa
vez disse Juarez: " Essas mulheres poderiam chamar-se Fortuna,
Inteligência e Surpresa, mas também às vezes Culpa, Dúvida e Morte, fantasmas
comuns a cada um de nós".
Embora constituída de obras de décadas
passadas, a exposição ora apresentada no Instituto dialoga com a temática
proposta pela 34ª Bienal Internacional de São Paulo ,simultaneamente em
vigência e inspirada no verso do poeta Thiago de Mello " faz escuro, mas
eu canto", e evoca um tema da
atualidade, ou seja, nosso drama coletivo diante das inconsequências em todo o
mundo.
Juarez Machado, de Paris, saúda você,
visitante de sua obra em Joinville.