Com a encantadora Dolores Branco, uma Artista Visual completa, uma mulher inteligentíssima, uma mulher bela.
Amiga de sempre, escreveu este belo texto sobre a minha trajetória artística. Grato, imensamente grato.
Em
os "Jardins Imaginários" de Luiz Arthur Montes Ribeiro, aquarela e
nanquim em aguadas, deslizando o pincel num movimento sinuoso sobre o papel,
inserem na composição pequenas manchas coloridas se abrindo em traços
finíssimos formando suaves tessituras. É
o jardim das emoções, dos afetos, dos amores compartilhados ou não,
deixando lacunas.
Luiz
Arthur, prossegue no seu labor estético, o plantio de sementes e flores,
que brotam das aguadas em nanquim, formas etéreas e linhas tênues, com
arabescos, que primam pela delicadeza obtendo efeitos surpreendentes em
inesperados abstratos.
Na
série "Sangre de Mi Sangre", é simplesmente fascinante, a maneira
como Luiz Arthur expressou através da arte, uma situação de extrema violência,
ocorrida no Rio de Janeiro, em que ele foi vítima.
Não
se intimida, ousa, cobre com refinamento estético, as telas com seu próprio
sangue, a dor e seu esperma, a semente viva da criação.
Em
quase todas as telas, estão presentes as flores, pequenas rosas coloridas.
Numa, a arma de fogo "amordaçada" por moldura de rosas vermelhas. Noutra, o Cristo no alto e sua cruz também envolvida por flores em
fundo verde e branco transparente. Noutra toda verde com rosas verdes. Meu
Deus, que mensagem mais apropriada para o momento que estamos vivendo!
Precisamos voltar a acreditar e a ter esperança
.
Montagem
formal com dezenas de garrafas iguais na cor verde, todas com pequenos arranjos
de flores, distanciando-se da garrafa que se usa para o coquetel molotov, a que
foi atirada dentro do ônibus em ele que estava. Mas
nosso artista poeta, Luiz Arthur Montes Ribeiro, de múltiplos talentos, está
conectado com energias superiores. Nem sempre o artista privilegia o belo,
mas através da arte ele transmuta a violência e o radicalismo em belas
mensagens de amor, tolerância, fraternidade e altruísmo.
Jardins,
flores, sementes germinando, arvoredos, borboletas, peixes alados, marinhas,
figuras humanas volitando... em sua obra ele nos oferece o plantio do belo, da
arte, da cultura e da poesia.
É
um artista que sabe aonde quer chegar e como chegar.
Ele
é a própria fonte de informação inesgotável. A arte é sua essencialidade. Ele a
vive em plenitude, e sua inquietação intelectual faz dele um dínamo "full
time", pesquisando técnicas e materiais em busca de aprimoramento nos
processos criativos, originais e inquietantes, em que a ousadia na composição
escultórica se materializa em excelente plasticidade e fortes significados.
Dolores Branco –Artista Visual – Londrina (Pr) / Santos (SP)