sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Homenagem aos 100 anos de Dalton Trevisan - Sebo do Joaquim



 

furos 1a

 

SEBO DO JOAQUIM - Instalação

Autor: Sérgio Monteiro de Almeida

Local: Galeria Ricardo Krieger

Studio R. Krieger, Arcadas de São Francisco

Largo da Ordem, Curitiba, PR

Dia 14 a 21 de setembro, a partir de 10:00

 

Esse trabalho é bastante amplo e conceitual.

É uma instalação sítio específica, intervenção urbana e performance. O próprio cartaz/folder com o texto já é a obra de arte.

1. Aparentemente é uma simples venda de livros e objetos usados. Porém a primeira camada é referente aos 100 anos do Dalton Trevisan e a sua revista modernista O Joaquim.

2. A segunda é a especulação em torno do nome da revista Joaquim e questões da minha família. Isso é discutido no texto no verso do cartaz. Meu bisavô era Joaquim Gonçalves da Motta, avô de Erasmo Pilotto.

3. A terceira camada são os livros e objetos que fazem parte da instalação que tem relação com a revista Joaquim e com minha família. Todos os objetos são acervo de família.

4. A quarta camada diz respeito ao conteúdo e discussão em torno de cada livro e imagens presentes na instalação.

5. Agora na instalação na Galeria Ricardo Krieger eu vou me apropriar de obras gráficas de artistas que ilustraram a revista Joaquim e fazem parte do acervo da galeria e acervo pessoal, como Guido Viaro, Renina Katz, Nilo Previdi, Di Cavalcanti, além da apropriação de livros.

Ao contrário do que pode parecer não se trata simplesmente de um sebo de rua, existe uma carga emocional e uma ligação com a história familiar do autor, tanto em relação ao nome Joaquim (seu bisavô, pai e irmão), como das peças selecionadas para compor o sebo. É um trabalho com apropriação de várias peças principalmente livros que por si só contam uma história, nesta instalação sítio especifica que faz parte da intervenção urbana, estes livros e objetos são colocados em um contexto que faz parte da história familiar e pessoal do autor. Nenhum objeto presente na instalação foi adquirido para tal, eles já faziam parte do acervo do autor.


Intervenção urbana /Instalação sítio-específica/ ação não autorizada

Trata-se de um sebo de rua real, instalado na calçada. A instalação/ação foi criada especialmente para o local, em frente à Casa do escritor Dalton Trevisan, interagem com esse local de maneira intrínseca

Todas as peças selecionadas são do acervo pessoal e peças de família, pertencentes à coleção do artista visual Sérgio Monteiro de Almeida. Algumas estarão à venda.

A inspiração surgiu, logo após a pandemia, quando o autor observou um morador de rua que colocou alguns livros a venda em frente ao Guairinha na rua XV de Novembro. Chamou a atenção ao aspecto estético, logo surgiu a ideia de colocar um sebo de rua em frente à casa de Dalton Trevisan. O projeto não foi realizado antes, por respeito ao escritor que era bastante reservado e recluso em sua casa.

O autor decidiu realizar o projeto em homenagem aos 100 anos de Dalton Trevisan, que faleceu em 2024. Também em homenagem à Revista Joaquim e aos seus parentes:  Joaquim Tobias de Todos os Santos Motta de Almeida (seu pai), Joaquim Tobias Monteiro de Almeida (irmão) e Erasmo Pilloto (primo).

 

Descrição

Tapete plástico de 160X87 cm, colocado na calçada em frente à Casa do escritor Dalton Trevisan esquina da rua Ubaldino do Amaral com a rua Amintas de Barros, Alto da Glória, Curitiba, PR.

Sobre o tapete são dispostos livros, revistas, postais e outros artigos comumente encontrados em sebos.

Encostado na parede da casa, displays de propaganda de perfumes, propagandas antigas também são artigos encontradas em sebos. O mais alto tem 90 cm e os outros dois 80 com. Abaixo da janela e acima destes displays ficará colado na parede da casa o cartaz com fundo vermelho com 29 X 42cm PAGUE O VALOR QUE CONSIDERAR JUSTO

A maioria dos objetos que fazem parte dessa instalação são acervo familiar. O que traz um significado pessoal e carga emocional bastante importante ao trabalho. Não é apenas uma feirinha (sebo) de livros e revistas usados, como pode parecer no primeiro momento.

Livros obras completas de Erasmo Pilotto (vol I e II) com dedicatória para Sérgio Monteiro de Almeida (SMA), livro sobre cultura grega e livros de arte (Mestres da Pintura) presenteados por Erasmo Pilotto a SMA. Livros de contos de Dalton Trevisan, Livro de poemas de Carlos Drummond de Andrade (pertenceu a Joaquim Tobias Monteiro de Almeida, irmão de SMA), Drummond colaborou com a revista Joaquim, inclusive o poema “Caso do Vestido” foi publicado inicialmente na revista. Livro de Temístocles Linhares (livro que pertenceu a Joaquim Tobias Motta de Almeida, pai de SMA e primo de Erasmo Pilotto).

Livros sobre a obra de ilustradores da revista Joaquim: livro de gravuras de Guido Viaro Viaro (Orlando da Silva, 1992), algumas gravuras presentes no livro, em zincografia, ilustraram a revista, inclusive a gravura que representa um Dia de chuva, reproduzida no livro, foi presente de Erasmo Pilotto a SMA. Livros sobre Poty e folders de suas exposições, livro Teoria da arte de Faiga Ostrower, livros sobre Candido Portinari e de seus (presente de Aglair de Almeida Hornos a SMA, ela era prima em primeiro grau de Erasmo Pilotto e segundo ele a maior conhecedora de sua teoria em pedagogia infantil).

De autoria de Sérgio Monteiro de Almeida serão expostos poemas visuais, fotos de intervenções urbanas em Curitiba, Paris e Nova York, fotos da intervenção urbana/ livro de artista em Curitiba “Livro Esquecido”, poemas objetos, postal com o poema visual (EU) NI/IN VERSO. Foram criados especialmente para essa intervenção poemas visuais da série cortes- furos, com a apropriação e intervenções na capa da revista Joaquim, n14, com ilustração de Yllen Kerr, sobre fundo provavelmente de Candido.

Panfletos (hand outs) de autoria de Sérgio Monteiro de Almeida “Como fazer um ser humano (versões em português e yoruba) e cartaz/folder do Sebo do Joaquim com o texto no verso “Uma família de Joaquins - Especulações em torno do nome Joaquim” de autoria de Sérgio Monteiro de Almeida

Serão dispostos alguns objetos relacionados com anunciantes na revista Joaquim, como caixa de madeira do Mate Leão da década de 50 (pertencente a SMA desde infância e usada como porta objetos), vidro de compota da cristaleira Trevisan (década de 40, o autor SMA trouxe da casa de seu avô materno em Corupá, SC). Estes objetos vão abrigar artigos do sebo como postais (coleção de SMA da sua família), colecionáveis. Além de CDS.

Os displays de propaganda de perfumes foram coletados por Sérgio Monteiro de Almeida, que trabalha com apropriação e intervenção em propagandas, sendo bastante difundida sua série de poemas visuais “Santos Contemporâneos”.

O cartaz PAGUE O VALOR QUE CONSIDERAR JUSTO dá o tom anticonsumo do trabalho. Inspirado nas lojas criadas nos anos 60 nos USA, pelo subgrupo The Diggers, parte do movimento contracultura hippie. Nestas lojas os objetos eram trocados ou mesmo levados sem pagamento. Seu objetivo era criar uma sociedade alternativa, livre de dinheiro e capitalismo. 


Cartaz/ Folder de propaganda do Sebo do Joaquim. Já é uma intervenção urbana, distribuído e colado em postes e locais de Curitiba, como uma propaganda de sebos de rua. Esse folder com o texto Uma família de Joaquins - Especulações em torno do nome Joaquim. É em si o registro da ação e uma obra de arte. O texto mostra o racional do trabalho e as relações familiares do autor.


O local foi escolhido por ser a casa onde o escritor Dalton Trevisan viveu por 68 de seus 99 anos, foi construída no final da década de 1920.

 

O autor Sérgio Monteiro de Almeida (Curitiba, 1964), bisneto de Joaquim Gonçalves da Motta, filho e irmão de Joaquins e primo de Erasmo Pilotto. 

Sempre foi frequentador de sebos e feiras de antiguidade. Artista conceitual e poeta, pioneiro da poesia visual e expandida no Paraná. Publicou em revistas de poesia experimental nacionais e internacionais. É autor dos livros de artista Sérgio Monteiro de Almeida (Brasil, 2007), VAZIO (livro eletrônico, poesia visual, Espanha, 2009), (EU) NI/IN VERSO (antologia de poemas cinéticos, Brasil, 2023) e História do Ovo (literatura infantil, ainda inédito). Fez várias exposições individuais. Participou da 51° e 53° Bienal de Veneza (curadoria de Caterina Davinio, 2005 e 2009, Itália).