quinta-feira, 7 de março de 2013

Leonardo Soltz - É chover no molhado


É Chover no molhado                                                                                                              Por Leo Soltz*


Em nosso cotidiano, depois de discorrer sobre as mazelas do dia a dia fica sempre aquela impressão de que muito precisa mudar e pouco vem sendo feito para tal. São diversos “porquês” todos os dias. Em nossa casa, junto aos amigos, no escritório, em uma mesa de bar ou em qualquer ponto que estejamos comentando sobre o nosso país, eles aparecem.
Exemplos comuns destes questionamentos são:
Porque somos um dos maiores pagadores de impostos do mundo para o governo?
Porque nossos serviços básicos não funcionam com tanto recurso captado para tal?
Porque tudo é tão confuso nas agencias reguladoras e prestadoras de serviços quando vão exercer alguma demanda para o cidadão. E porque trabalham sem planejamento e percepção das consequências em médio e longo prazo?
Porque os políticos são tão envolvidos em escândalos. E porque cidadãos de bem não se candidatam para repor a moral deste exercício cívico?
Porque não temos educação, incluindo a de transito e tantas leis sem utilidade são postas para tentar resolver o que, neste atual modelo já se tornou sem resolução?
Porque temos ainda tanta gente na rua, sem abrigo e sem esperança? E porque tantas CPIs e Operações da Policia Federal e do Ministério Público ficam sem respostas rápidas e seus culpados livres e ativos? Alguns exercendo cargos públicos e novamente legislando.
Porque o cidadão de bem ficam 10, 12 anos sem respostas judiciais enquanto bandidos de colarinho branco estão à solta com base em liminares e mandados de segurança. Brincando com a Lei
Por que?
Acabo de chegar de uma viagem à trabalho pela Florida nos Estados Unidos e desta vez me assustei com o que vi. Sabe-se lá o que meus olhos viram das últimas vezes, mas desta, me senti incomodado em viver em um país tão distante daquela realidade.
A forma organizada com a qual o povo americano quer sair de sua crise. A agilidade e organização com a qual os serviços são prestados e o valor cobrado do cidadão para estes atendimentos. A relação impostos versos o que os mesmos oferecem em contra ponto é gritante.  Um IPTU, por exemplo dá direito a uma educação de excelente qualidade em escolas públicas, a ruas sem nenhum buraco, esquinas limpas, sinais sempre funcionando, gente que respeita gente. Democracia. Respeito ao cidadão, seja ele quem for.
Imagino o que falta a nós, brasileiros para chegar lá. Questionamos muito mas nos canais inadequados. Agimos, de fato, muito pouco. Somos desorganizados.
É trabalhoso ser uma sociedade. Mas dá prazer e orgulho sentir que cada um de nós pode fazer a sua parte para um bem comum. Sem sentimentos umbilicais, é claro.
Alguns puristas poderiam rechaçar minhas palavras e dizer que cada país tem sua cultura e sua história. E que, nós, Brasileiros não precisamos de exemplos de uma economia que nos últimos anos vem passando por grave crise. Outros diriam que é coisa de “ianques”. Sugiro assistir Lincoln e ver como as coisas começaram por lá.
O que importa neste texto é fazer uma reflexão honesta. Goste ou não precisaremos mudar nossa postura de sociedade para vivenciar o que de melhor uma democracia socialmente responsável possa nos oferecer.
Senão, é chover no molhado.

Leo Soltz*

*Leo Soltz é empresário nos setores de tecnologia e entretenimento. Casado, pai de Sophie escreve para sensibilizar pessoas e deixar um mundo melhor para sua filha e por indignação às mazelas do dia a dia.


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