É Chover no molhado Por Leo
Soltz*
Em nosso cotidiano, depois de discorrer sobre as mazelas do
dia a dia fica sempre aquela impressão de que muito precisa mudar e pouco vem
sendo feito para tal. São diversos “porquês” todos os dias. Em nossa casa,
junto aos amigos, no escritório, em uma mesa de bar ou em qualquer ponto que
estejamos comentando sobre o nosso país, eles aparecem.
Exemplos comuns destes questionamentos são:
Porque somos um dos maiores pagadores de impostos do mundo
para o governo?
Porque nossos serviços básicos não funcionam com tanto
recurso captado para tal?
Porque tudo é tão confuso nas agencias reguladoras e
prestadoras de serviços quando vão exercer alguma demanda para o cidadão. E
porque trabalham sem planejamento e percepção das consequências em médio e
longo prazo?
Porque os políticos são tão envolvidos em escândalos. E
porque cidadãos de bem não se candidatam para repor a moral deste exercício
cívico?
Porque não temos educação, incluindo a de transito e tantas
leis sem utilidade são postas para tentar resolver o que, neste atual modelo já
se tornou sem resolução?
Porque temos ainda tanta gente na rua, sem abrigo e sem
esperança? E porque tantas CPIs e Operações da Policia Federal e do Ministério
Público ficam sem respostas rápidas e seus culpados livres e ativos? Alguns exercendo
cargos públicos e novamente legislando.
Porque o cidadão de bem ficam 10, 12 anos sem respostas
judiciais enquanto bandidos de colarinho branco estão à solta com base em
liminares e mandados de segurança. Brincando com a Lei
Por que?
Acabo de chegar de uma viagem à trabalho pela Florida nos
Estados Unidos e desta vez me assustei com o que vi. Sabe-se lá o que meus
olhos viram das últimas vezes, mas desta, me senti incomodado em viver em um
país tão distante daquela realidade.
A forma organizada com a qual o povo americano quer sair de
sua crise. A agilidade e organização com a qual os serviços são prestados e o
valor cobrado do cidadão para estes atendimentos. A relação impostos versos o
que os mesmos oferecem em contra ponto é gritante. Um IPTU, por exemplo
dá direito a uma educação de excelente qualidade em escolas públicas, a ruas
sem nenhum buraco, esquinas limpas, sinais sempre funcionando, gente que
respeita gente. Democracia. Respeito ao cidadão, seja ele quem for.
Imagino o que falta a nós, brasileiros para chegar lá.
Questionamos muito mas nos canais inadequados. Agimos, de fato, muito pouco.
Somos desorganizados.
É trabalhoso “ser” uma sociedade. Mas dá prazer e orgulho sentir
que cada um de nós pode fazer a sua parte para um bem comum. Sem sentimentos
umbilicais, é claro.
Alguns puristas poderiam rechaçar minhas palavras e dizer
que cada país tem sua cultura e sua história. E que, nós, Brasileiros não
precisamos de exemplos de uma economia que nos últimos anos vem passando por
grave crise. Outros diriam que é coisa de “ianques”. Sugiro assistir Lincoln e
ver como as coisas começaram por lá.
O que importa neste texto é fazer uma reflexão honesta.
Goste ou não precisaremos mudar nossa postura de sociedade para vivenciar o que
de melhor uma democracia socialmente responsável possa nos oferecer.
Senão, é chover no molhado.
Leo Soltz*
*Leo Soltz é empresário nos setores de tecnologia e
entretenimento. Casado, pai de Sophie escreve para sensibilizar pessoas e
deixar um mundo melhor para sua filha e por indignação às mazelas do dia a dia.
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