segunda-feira, 22 de julho de 2013

Colombiana Adriana Duque na Zipper Galeria

Newsletter | 2013



As crianças fotografadas por Adriana Duque são personagens de uma cena teatral, uma quase-pintura, que desafia a ideia comum de que a fotografia é um documento inquestionável. Os cenários são construídos, a luz é calculada, as roupas são confeccionadas especialmente para a foto, e os olhos azuis das crianças são adicionados na pós-produção digital. No entanto, nos encantam pela mágica da verossimilhança, por serem imagens que poderiam ser, mesmo que saibamos que não são, fieis a algum real.
Adriana Duque exacerba a manipulação de nossa crença perante a imagem. Ao citar o século 17 nos contrastes de claro e escuro e na rica ornamentação das vestes e mobílias, Duque nos coloca também em contato com a história da arte latino-americana, que violentamente viu a arte nativa ser substituída pela arte então em vigor na Espanha. As crianças das fotografias podem ser um retrato de uma arte ainda na infância, que tenta crescer, mas mantém-se ligada a um começo artificialmente barroco, que a criança traveste sem questionar, com fones de ouvido que abafam qualquer som crítico, e as mantém olhando para a câmera, sem que vejam, ao fundo, o interior genuíno, simples, de uma casa real.


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