sexta-feira, 22 de março de 2013

Não caço mais dragões - Alessandro Martins



NÃO CAÇO MAIS DRAGÕES


Um dragão chinês entrou pela porta do corredor, passou meu quarto, saiu pela janela em direção às montanhas da serra do mar, não sem antes me arrebatar com seu hálito de fogo, que me despertou por completo.
Corri para a varanda para vê-lo mais um pouco. Era verde com escamas vermelhas, mas a sua fuga, em direção ao sol ofuscante recém-nascido, impediu-me de ver mais detalhes, tais como se tinha marcas de nascença, se tinha quatro, seis ou oito patas, como eram suas orelhas e se tinha tiques nervosos.
Mesmo a minha afirmação quanto ao fato de ele ser um dragão chinês é mera suposição. Não tive tempo de lhe perguntar a nacionalidade. Apenas supus. Afinal parecia mais com uma serpente que com um dinossauro, como é o caso dos dragões medievais. Porém essa impressão pode estar errada. Já tive um amigo cujos pais eram chineses. Ele tinha olhos como os dos chineses, cabelo como tal e o rosto no formato respectivo. Mas era de Nauru. Logo mantive a hipótese, enquanto observava aquilo que agora, à distância, mais parecia um fiapo a se contorcer no horizonte, que podia ser um dragão chinês, mas nascido em outro país que não a China.
Foi assim que me tornei caçador de animais mitológicos.
Logo aprendi que certos sentimentos que buscamos sentir são dragões chineses.
O amor, esquimós, árvores
A linguagem é condicionada pela realidade.
Os esquimós têm umas sete ou oito palavras diferentes para designar a neve de acordo com suas características. O que para nós, não-esquimós, é apenas uma monótona vastidão branca, para eles é diversidade, uma variedade que sabem identificar, classificar, nomear e detalhar.
Para ler todo o texto acesse: http://alessandromartins.me/nao-caco-mais-dragoes/



 

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