Cristina Daher, artista visual e poeta, lançou com sucesso o seu primeiro livro de poesias.
O prefácio é do também artista visual e doutourando em Filofosia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná João Coviello.
"Um
momento especial A poesia é a mais sofisticada forma de linguagem. Ao menos
para aqueles que adquiriram o hábito de tê-la em suas vidas. Neste caso, o
sentido do verbo ter está além do sentido comum de possuir. Afinal, também pode
significar acolher, experimentar, revelar. Os sentidos são muitos, pois não
apenas lemos um poema, mas o temos em nós, o acolhemos e o experimentamos. Ler
um poema, portanto, é viver uma experiência, é obter um conhecimento (ou
autoconhecimento).
O mesmo, provavelmente, se dá com aquele que escreve. Esta é
a primeira sensação que ocorre com a leitura deste livro de Cristina Daher.
Sabemos que um poema não é feito apenas com ideias, mas principalmente com
palavras. Eis a grande questão: mais que saber usá-las, é preciso ter coragem
de usá-las. E usá-las com cuidado e rigor. É dessa forma que os poemas de Daher
parecem ser construídos: com coragem e rigor. Estes elementos estão presentes
na forma sintética com a qual constrói seus versos. Eles são curtos, sintéticos
e compostos, muitas vezes, por uma só palavra, tanto os poemas curtos quanto os
longos. A concisão, portanto, é uma das características desta poeta. Não por
economia, mas para afirmar que pouco pode expressar muito. É por isto que
escolheu tanto o verso curto, com poucas ou uma só palavra, e, também, o
próprio poema curto, como neste exemplo: “Filhos/Netos/Transbordam/ de afetos”.
Em apenas quatro versos, a poeta consegue exprimir a conexão entre filhos e
netos aos afetos. É possível observar, contudo, que nos textos finais deste
livro, Daher ampliou o discurso poético. Atente para os três últimos poemas. O
primeiro deles, aliás, é um dos poucos que possuem título. Eis outra
característica. A inexistência de títulos e uso de poucas palavras transformam
as linhas em poemas quase visuais, com exceção dos últimos três que, como
observamos, são construídos com versos longos. É preciso lembrar que Daher é
também uma artista plástica. O modo como suas palavras estão dispostas no papel
sugere o vínculo entre palavra e imagem. A impressão que se tem é que os versos
brotam nesse terrenof értil que é a página em branco. Assim, o branco da página
também faz parte do poema, como neste exemplo:
“Riquezas/incertezas/sutilezas/desejos”.
Como a personagem do livro Água viva, de Clarice Lispector, Daher é uma pintora
que escreve porque também precisa escrever. Como a personagem de Clarice, ela
poderia dizer que também quer pegar a palavra com a mão. Daher também junta o
mundo da pintura ao mundo das palavras. Para ela, não são mundos diversos. Para
nós, o mundo da pintura é mais silencioso, mas o mundo da escrita também é.
Ambos precisam do silêncio contemplativo, da apreciação meditativa, da
suspensão da correria presente em nossas vidas. Ou seja, precisamos parar. A
apreciação de uma pintura e a leitura de um poema são alguns dos poucos
momentos de parada em nossa jornada contínua. A personagem de Clarice diz se
entregar nas palavras e se entregar quando pinta. É isto que faz Daher. Seu
livro é um convite a um momento de parada, um momento de respirar e se dedicar
a cada uma de suas palavras e vivê-las como se fossem nossas.
João
Coviello é artista plástico e ensaísta. Doutorando em Filosofia na Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em Filosofia e especialista em
História da Arte pela PUCPR.
Você pode adquirir um exemplar de FRAGMENTOS, WhatsApp (41) 99928-0318, ou por e-mail dahercris@hotmail.com.
PIX 00533526965.
O valor é de R$ 35,00.
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