terça-feira, 22 de outubro de 2024

CARTA AOS PONTA-GROSSENSES DE 2073 - Cápsula do tempo

 

CARTA AOS PONTA-GROSSENSES DE 2073 

Com a prezada Professora Doutora Luzia Nadal Borsato Cavanhari - redatora da carta depositada na cápsula do tempo e o prezado amigo Delson Santo Nadal Borsato. 


Este é o teor da carta que foi depositada na cápsula do tempo, na cidade de Ponta Grossa, tendo em vista seus 200 anos.

Caros ponta-grossenses! 

Um sentimento de grande emoção perpassa por nossas mentes e corações ao saber que daqui a meio século autoridades de nossa querida Ponta Grossa, moradores e pessoas deste bairro que nos viu nascer, estarão lendo esta mensagem. 

Muitos de nós certamente não estarão presentes para festejar os 250 anos da história da Princesa dos Campos e poder contemplar, admirados, as mudanças extraordinárias que novas tecnologias e a inteligência artificial operaram em todos os ramos das atividades humanas. As construções, ruas, praças, escolas, fábricas e as igrejas do bairro de Uvaranas serão as mesmas? 

No lugar desse mesmo Monumento instalado sobre o canteiro central de uma avenida toda asfaltada, arborizada e florida, onde hoje passam milhares de automóveis, caminhões, ambulâncias, ônibus, motos, dirigidas por homens e mulheres sem distinção, já foi linha férrea, onde locomotivas “Mariasfumaça” e depois as alimentadas a diesel faziam este trajeto, movimentando a economia paranaense como maior entroncamento rodoferroviário que é. 

No final do século XIX nossa Família Nadal chegava de Morretes e via a finalização desta importante ferrovia, passando por parte das terras que havia adquirido. Pela Estrada de Itaiacoca, depois chamada de Avenida Gen. Carlos Cavalcanti, os italianos, poloneses, russo-alemães e seus descendentes por ela passavam com suas carroças, carroções e gaiotas transportando suas produções para a cidade. Muita lama ou poeira era enfrentada pelos bravos colonos com as precárias condições daquela época. 

Assim é que com muito trabalho, perseverança, parcerias, abnegação e solidariedade, os moradores da Colônia Uvaranas contribuíram imensamente com o progresso da cidade a partir de suas leiterias, cultivo de hortaliças, legumes, frutas; com suas olarias e os minérios vindos do distrito de Itaiacoca. 

Os fazendeiros e criadores de gado e de porcos tocavam a pé seus rebanhos para o Matadouro, vindos de grandes distâncias, como Guarapuava, Reserva, Castro e de muitas fazendas. Grande parte da carne era transformada em banha, salames, linguiças nas fábricas dos alemães e muitos destes produtos transportados pelos vagões na ferrovia, para serem até mesmo exportados. 

Com muita fé, determinação e trabalho, os italianos e seus descendentes também construíram a “Igrejinha de Uvaranas” – Igreja que tem por padroeira Nossa Senhora Imaculada Conceição. Doaram tijolos, mão de obra, o construtor, ergueram o sino até a torre nos moldes do que faziam na Itália e renderam graças por suas conquistas no novo mundo, o Brasil. Em poucas palavras, queridos ponta-grossenses, assim era a Uvaranas de outrora, isto é, até os anos de 1930.

Nós, descendentes do italiano Giácomo Nadal percebemos hoje as grandes mudanças no bairro de Uvaranas, que com seus estabelecimentos comerciais, bancários, centros de saúde, Hospital Regional, Hospital São Camilo, escolas de ensino fundamental e médio, universidades pública e particulares, correios, igrejas e capelas católicas e igrejas de muitas denominações faz dele (o bairro) uma cidade. 

Nossas residências, não mais feitas de tábuas de madeira, são de tijolos ou contêineres, janelas de ferro ou de alumínio, são servidas por redes d’água, esgoto e de energia elétrica estável. 

Telefone fixo, coitado, já é coisa do passado! Temos internet de alta velocidade, o que nos abre o mundo à frente, mas estamos atrás de grades e muros altos, cercas elétricas e monitoramento para mitigar os muitos assaltos e roubos, em nossas casas, condomínios residenciais ou arranha-céus. 

E daqui a 50 anos? Como será o futuro? O que vocês conseguem perceber em termos de continuidade, de facilidades, de novos progressos? E os valores da nossa sociedade, permaneceram? Nossa religiosidade, cultura, permanecem vivas ou deixaram fenecer? Confiamos e acreditamos em vocês, que com

o nós e vocês, ponta-grossenses, deixamos nossas marcas nessa terra abençoada por Deus!


Ponta Grossa, 11 de setembro de 2024.

Assinam: Luzia Nadal Borsato Cavagnari, Lauro Nadal Fanchin, Delson Santo Nadal Borsato, Zélia Nadal Krauczuk, Sérgio Nadal Monteiro Zan, Humberto Nadal, Zeno Antonio Nadal, Delmi Nadal Borsato de Moraes, Maria de F. Nadal Borsato Guimarães, Maria Cristina Nadal Silva, Stela Nadal Iensen

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