CARTA AOS PONTA-GROSSENSES DE 2073
Com a prezada Professora Doutora Luzia Nadal Borsato Cavanhari - redatora da carta depositada na cápsula do tempo e o prezado amigo Delson Santo Nadal Borsato.
Este é o teor da carta que foi depositada na cápsula do tempo, na cidade de Ponta Grossa, tendo em vista seus 200 anos.
Caros ponta-grossenses!
Um sentimento de grande emoção perpassa por nossas
mentes e corações ao saber que daqui a meio século
autoridades de nossa querida Ponta Grossa, moradores e
pessoas deste bairro que nos viu nascer, estarão lendo esta
mensagem.
Muitos de nós certamente não estarão presentes
para festejar os 250 anos da história da Princesa dos Campos e
poder contemplar, admirados, as mudanças extraordinárias
que novas tecnologias e a inteligência artificial operaram em
todos os ramos das atividades humanas. As construções, ruas,
praças, escolas, fábricas e as igrejas do bairro de Uvaranas
serão as mesmas?
No lugar desse mesmo Monumento instalado sobre o
canteiro central de uma avenida toda asfaltada, arborizada e
florida, onde hoje passam milhares de automóveis, caminhões,
ambulâncias, ônibus, motos, dirigidas por homens e mulheres
sem distinção, já foi linha férrea, onde locomotivas “Mariasfumaça” e depois as alimentadas a diesel faziam este trajeto,
movimentando a economia paranaense como maior
entroncamento rodoferroviário que é.
No final do século XIX nossa Família Nadal chegava de
Morretes e via a finalização desta importante ferrovia,
passando por parte das terras que havia adquirido.
Pela Estrada de Itaiacoca, depois chamada de Avenida
Gen. Carlos Cavalcanti, os italianos, poloneses, russo-alemães
e seus descendentes por ela passavam com suas carroças,
carroções e gaiotas transportando suas produções para a
cidade. Muita lama ou poeira era enfrentada pelos bravos
colonos com as precárias condições daquela época.
Assim é
que com muito trabalho, perseverança, parcerias, abnegação e
solidariedade, os moradores da Colônia Uvaranas
contribuíram imensamente com o progresso da cidade a partir
de suas leiterias, cultivo de hortaliças, legumes, frutas; com
suas olarias e os minérios vindos do distrito de Itaiacoca.
Os
fazendeiros e criadores de gado e de porcos tocavam a pé seus
rebanhos para o Matadouro, vindos de grandes distâncias,
como Guarapuava, Reserva, Castro e de muitas fazendas.
Grande parte da carne era transformada em banha, salames,
linguiças nas fábricas dos alemães e muitos destes produtos
transportados pelos vagões na ferrovia, para serem até mesmo
exportados.
Com muita fé, determinação e trabalho, os italianos e
seus descendentes também construíram a “Igrejinha de
Uvaranas” – Igreja que tem por padroeira Nossa Senhora
Imaculada Conceição. Doaram tijolos, mão de obra, o
construtor, ergueram o sino até a torre nos moldes do que
faziam na Itália e renderam graças por suas conquistas no
novo mundo, o Brasil.
Em poucas palavras, queridos ponta-grossenses, assim era
a Uvaranas de outrora, isto é, até os anos de 1930.
Nós, descendentes do italiano Giácomo Nadal
percebemos hoje as grandes mudanças no bairro de Uvaranas,
que com seus estabelecimentos comerciais, bancários, centros
de saúde, Hospital Regional, Hospital São Camilo, escolas de
ensino fundamental e médio, universidades pública e
particulares, correios, igrejas e capelas católicas e igrejas de
muitas denominações faz dele (o bairro) uma cidade.
Nossas
residências, não mais feitas de tábuas de madeira, são de
tijolos ou contêineres, janelas de ferro ou de alumínio, são
servidas por redes d’água, esgoto e de energia elétrica estável.
Telefone fixo, coitado, já é coisa do passado! Temos internet
de alta velocidade, o que nos abre o mundo à frente, mas
estamos atrás de grades e muros altos, cercas elétricas e
monitoramento para mitigar os muitos assaltos e roubos, em
nossas casas, condomínios residenciais ou arranha-céus.
E
daqui a 50 anos?
Como será o futuro? O que vocês conseguem perceber
em termos de continuidade, de facilidades, de novos
progressos? E os valores da nossa sociedade, permaneceram?
Nossa religiosidade, cultura, permanecem vivas ou deixaram
fenecer?
Confiamos e acreditamos em vocês, que com
o nós e
vocês, ponta-grossenses, deixamos nossas marcas nessa terra
abençoada por Deus!
Ponta Grossa, 11 de setembro de 2024.
Assinam: Luzia Nadal Borsato Cavagnari, Lauro Nadal Fanchin, Delson Santo Nadal Borsato, Zélia Nadal Krauczuk, Sérgio Nadal Monteiro Zan, Humberto Nadal, Zeno Antonio Nadal, Delmi Nadal Borsato de Moraes, Maria de F. Nadal Borsato Guimarães, Maria Cristina Nadal Silva, Stela Nadal Iensen
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