quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Nova crônica de Claudia Wasilewski

Aniversário



O meu aniversário é em março. Adoro fazer aniversário, começo a pensar o que vou fazer já em janeiro. Vou sonhando. Mas a medida que se aproxima a data, lembro do ♪♫ Parabéns à Você♪♫, e engaveto os sonhos. Certamente deveria fazer terapia e me curar deste pavor. É mais forte que eu. Gosto de fazer almoços, feijoadas, churrascos e nem cogito servir um bolo. Truque bom, comidas pesadas e muita bebida. Ninguém se lembra da musiquinha. Já abandonei mesas e salas de trabalho. Aviso, você será bem vindo, mas se houver parabéns irei me retirar. Sou bem educada, os convidados que não são, em tentar me impor o que não gosto. E tal do pique-pique? O que é, para que serve, qual a tradução? Quem souber, por favor, me mande e-mail. clauwas@gmail.com


Sem dúvida tive festas maravilhosas, mas uma foi inesquecível. Não vou citar o lugar e nem os personagens porque mesmo depois de quase 20 anos poderia me trazer problemas. Então lá vai.


Final de festa, todos sentados olhando o pôr do sol, se aproximam dois policias. Ficam nos olhando e eu de imediato me levanto e ofereço comes e bebes. Eles aceitam e comem ali mesmo. Sirvo chopp, e a festa se muda para a cerca. Literalmente a conversa de cerca que tanto falo. Lá pelo quinto chopp eles finalmente entram e vamos todos para a churrasqueira.


Mais uma rodada de linguiças, pães e maionese. Dá-lhe chopp. Com ar angelical peço de presente que dancem comigo a música Polícia do Tony Bellotto / Titãs. Luzes apagadas e música no último volume.♪♫Polícia! Para quem precisa! Polícia! Para quem precisa de polícia!♪♫ Enquanto um dançava, outro piscava a lanterna.Bacana mesmo era o revolver balançando. Um delírio! De repente a lanterna cai reta e ele grita: - Boa noite, senhor. Pronto besteira do mais alto grau feita, para não dizer outra coisa. O superior se aproxima do policial dançarino, que derrubou o copo suavemente, tira o quepe que estava engatado na alça com botão no ombro da camisa e diz: - Esta “porra” é para usar na cabeça.


Credo! Pulamos todos em defesa dos policiais. Tipo comitê de direitos humanos. Não teve jeito deu ordem de prisão ali mesmo e levou meus novos amigos de infância presos. Foi educadíssimo, me desejou feliz aniversário e que não deveria parar a festa porque não havia feito nada de errado.


A festa acabou ali, e sofri durante dias pensando que tipo de punição haviam sofrido. Tudo culpa minha.


Mais tarde soube que foram poucos dias de detenção e que contavam este causo felizes e orgulhosos. Então fica assim.


Quem nunca teve policiais presos na sua festa de aniversário que atire a primeira pedra.


- Socorro! Estou sendo apedrejada!

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