Fernanda
Dias na Oficina de Poesia Falada
e
Produção de Vídeo em Pedra Dourada-MG
alguma poesia
não. não bastaria a poesia deste bonde
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.
não. não bastaria a poesia
cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.
não. não bastaria todo riso pelas
praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.
não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e uma cheiro de fêmea no ar devorador
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e uma cheiro de fêmea no ar devorador
aparentando realismo hiper
moderno,
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos
não. não bastaria toda poesia
que eu
trago em minha alma um tanto porca,
este postal com uma imagem meio
Lorca:
um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água
em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos.
um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água
em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos.
Artur
Gomes
In Couro Cru & Carne Viva
Prêmio Internacional de Poesia - Quebec - Canadá 1987
In Couro Cru & Carne Viva
Prêmio Internacional de Poesia - Quebec - Canadá 1987
fulinaimicamente – neste vídeo com
imagens captadas durante a Rio + 20 tem o poema acima interpretado pelo seu
autor – Artur Gomes
Identidades
“com meus
sonhos de menina”
Triste Sina,
Jerónimo Bragança/Nóbrega e Souza
quinze anos
e dúvidas
(para além
das usuais)
a menina
com duas
mães, cresceu
biológica,
uma
(que a
gerou, pariu e amamentou)
companheira
da mãe, a outra
a mãe que a
gerou, pariu e amamentou
mudou de
gênero e identidade. a
menina
passou a chamá-la de pai
(volta e
meia, ainda lhe escapa um
mâeeeê!)
Dalila Teles
Veras
no livro:
estranhas formas de vida
ONIPRESENÇA
Aristóteles na Poética
abordou somente a técnica;
no mundo grego, contudo,
a poesis era tudo,
era o próprio movimento:
terra, fogo, água e vento,
era a vida, as estações,
as marés, as emoções,
a dor, a cura, o remédio
a luta, os louros, o tédio,
a pólis, a dança, o mito,
os templos, o vinho, os ritos,
kairós, oportunidade,
destino, fatalidade,
o luto, a luta, a tragédia,
o riso, a festa, a comédia,
a química, a teologia,
a física, a filosofia,
ethos e cidadania,
o ciclo: a própria mudança
que retrocede e que avança.
Penso igual meus ancestrais
(pelo ramo do meu pai):
poesia é tudo o que há,
pra mim ela em tudo está
– desde as larvas mais estranhas
à fé que move montanhas.
Leila Míccolis
Tributo a
Alberta Hunter
você cruzou
o século vinte
longevalegremente
em estado de
garça.
conheceu a
injustiça,
o lodo, a
lágrima,
como todos
da nossa raça.
e no entanto
você era o canto,
a essência
do triunfo.
milênios de
beleza
encontraram
em sua voz
a vitalidade
da fé –
africalegremente
oculta
no élan dos
ritos,
nas figas de
marfim,
nas pérolas
de búzios
e no blues.
você
atravessou o século vinte
uivando para
o céu
até a última
letra da alegria,
a última
sílaba
da palavra
amor;
conheceu os
porões da América
e seu
coração atômico.
e no entanto
você se integrou
ao ar real
se
eternizando no cosmos
com a alma
das flores e das pedras.
Salgado
Maranhão
Do livro: A
Cor da Palavra
Prêmio da
Academia Brasileira de Letras - 2011
may pasquetti musadaminhacannon
fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os verso que ainda não fiz
e as brigas de amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto
que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim admirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
2
o que trago embaixo as solas dos sapatos
bagana acesa sobra o cigarro é sarro
dentro do carro
ainda ouço jimmi hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
pra colher lírios há que se por o pé na lama
a seda pura foto síntese do papel
tem flor de lótus nos bordéis copacabana
procuro um mix da guitarra de santana
com os espinhos da rosa de Noel
artur gomes
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os verso que ainda não fiz
e as brigas de amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto
que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim admirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
2
o que trago embaixo as solas dos sapatos
bagana acesa sobra o cigarro é sarro
dentro do carro
ainda ouço jimmi hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
pra colher lírios há que se por o pé na lama
a seda pura foto síntese do papel
tem flor de lótus nos bordéis copacabana
procuro um mix da guitarra de santana
com os espinhos da rosa de Noel
artur gomes
Poesia do Brasil - Vol. 15
Editora Grafite – XX Congresso
Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS – outubro 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário