domingo, 23 de maio de 2010

Claudia Wasilewski e a crônica PODERzinho



PODERzinho


Com a maior divisão de tarefas e responsabilidades nas empresas, se divide junto o poder. Ou melhor, mais pessoas acham que detêm poder, mas na verdade não passa de um poderzinho.
O Banqueiro e o bancário. O gerente do banco é bancário, certo? Mas ele não se vê assim. Se acha no direito de entregar os grevistas, mesmo sabendo que se a greve for vitoriosa terá seu salário reajustado. Quando o produtor rural vem aplicar seu resultado da safra ele dá uma boa olhada, no chinelo, no chapéu, faz ares de superioridade antes de atendê-lo. O banqueiro jamais faria isto, porque sabe que se um dia os agricultores resolverem guardar seu dinheiro embaixo do colchão, diminuirá muito seus astronômicos lucros. Então para o banqueiro não interessa se o dinheiro vem de carroça ou de carro importado. O importante é que venha.
O grande empresário não se importa se seus funcionários são feios ou bonitos, o que lhe importa é que tragam resultados. O capitalista, quer inaugurar filiais, aumentar a sua produtividade, e para isto precisa de pessoas competentes, independente de serem roxas e com bolinhas amarelas. Quando o funcionário rende na casa dos 6 dígitos que diferença faz? Mas para os que ganharam um poderzinho, importa muito. E aí vem o assédio moral. Na maioria das vezes relatado, sobre os que tem cargos intermediários. Para para o sub do sub assistente, a avaliação passa longe da dedicação, assiduidade e capacidade de execução. O sub avalia se é companheiro de boteco, se a calça é de grife ou se vai ser convidado para o “churras”. Coloca para fora suas frustrações e mediocridade. Tenho certeza que se grande poderoso soubesse, o quanto é subjetivo o critério das promoções, ficaria tão indignado quanto o seu funcionário na base da pirâmide.
Só fui demitida uma vez. Somente uma vez tive o prazer de sacar meu FGTS. Só que antes disso acontecer passei um mês sendo tratada como office-girl. Passava o dia indo comprar pão de queijo, refrigerante, pagar contas. Um dia entrei na sala da diretora e pedi para diminuir meu salário. E nem assim fui demitida de imediato. Amarguei mais um tempo antes de me libertar e finalmente sair daquele inferno. E do inferno fui ao paraíso. Mas isto é assunto para uma outra crônica.
Este poderzinho está mais presente na nossa vida, do que possamos perceber. Quando temos que fazer reclamações para empresas de telefonia e operadoras de cartões de crédito ele é exercido de forma invisível. Como podem aquelas pessoas que só falam no gerundio, julgar se estamos certos ou errados. Mas eles podem nos pendurar por horas, nos colocar aquela maldita propaganda ou musiquinha. E exercem o poder de nos fazer miseravelmente contar repetidas vezes a mesma história. Dizem simplesmente “estou vendo para depois estar retornando”. E pior, nos desligam. Sonho que alguém fale comigo no presente do indicativo. Vou resolver.
E vamos vivendo assim, quando crianças obedecendo professores, pais e depois sendo subjugados por pessoas despreparadas. Ameaçados, com multas, juros ou estagnação profissional.
Não falei do poder político porque este tem prazo de validade. E por felizmente vivermos em uma democracia eles se alternam. Mas um dia qualquer as mascaras caem e se revelam faces surpreendentes. E lá se vai o poder pelo ralo. Isto mesmo, um dia o poder político    A C A B A !


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